Muitos músicos que hoje são considerados grandes sucessos nas rádios e televisões brasileiras, nasceram exatamente dessa manifestação popular completamente marginal aos acontecimentos musicais da grande mídia.
Historicamente, pagode era o nome das festas de escravos nas senzalas. No Rio de Janeiro, o morro e a malandragem lhe deram outro significado, consagrado no final da década de 70, que significava festa regada a muita comida, bebida e samba.
Foi do bairro de Ramos, no subúrbio carioca, que esse tipo de música surgiu para as rádios, as gravadores e os canais de televisão.
Lá, sambistas anônimos e jogadores de futebol se reuniam nos finais de semana para comer, beber e cantar.
O pagode só apareceu na mídia depois que Beth Carvalho, numa quarta-feira de 1978, foi, a convite do ex-volante do Vasco da Gama, Alcyr, à quadra do bloco Cacique de Ramos para conhecer um grupo de pagodeiros que fazia um samba bacana.
Era o grupo Fundo de Quintal, que trazia como um de seus vocalistas o ex-diretor de bateria da Escola de Samba Unidos do Salgueiro, Almir Guineto.
Beth gostou muito daquele samba misturado com outros ritmos africanos não tão difundidos e da sonoridade nova que a introdução do banjo, do repique de mão e a substituição do surdo pelo tatãn davam à música.
Ela passou então a gravar as músicas desses compositores e acabou por revelar nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Grupo Fundo de Quintal e Almir Guineto, entre outros.
Hoje, há dois tipos de pagode.
Um é a continuação do trabalho desses músicos e compositores que Beth Carvalho trouxe para a mídia; o outro é o resultado de certos grupos, também do subúrbio, que, na década de 90, imitaram os conjuntos vocais norte-americanos como os Temptations, Stylistics, Take 6 e Four Tops em suas roupas e coreografias sob uma base rítmica próxima ao pagode dos anos 80.
Esse pagode dos anos 90 difere, principalmente, do pagode de cantores-compositores como Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão e Bezerra da Silva na construção das letras e na harmonia mais "adocicada" e adaptada pelos constantes acordes sintetizados dos teclados eletrônicos, os quais dão a música um som muito mais próximo do pop que do samba.
Ao dar uma roupagem mais pop para o pagode esses músicos acabaram por torná-lo um produto muito distante de suas originais feições.
Os músicos do pagode dos anos 90 introduziram os instrumentos eletrônicos afim de viabilizar os grandes shows e com isso competir com os sertanejos.
A inovação no pagode neste caso veio a reboque das necessidades comerciais.
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